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segunda-feira, 18 de abril de 2011

Semana de liturgia 2011‏

BAIXE AQUI O ANEXO

Prezado amigo, prezada amiga,

Este ano estamos nos preparando intensamente para a comemoração dos 50 anos da Sacrosanctum Concilium que será em 2013.

É com alegria também que estamos celebrando os 25 anos da Semana de Liturgia.
Com certeza são 25 anos de uma caminhada intensa de formação, celebração, partilha de conhecimentos e de experiências.

Contamos com você nesta 25ª semana que será de 3 a 7 de outubro de 2011.
O tema ?Liturgia e Juventude: uma proposta de formação mistagógica? é eloquente e relevante neste momento histórico.

Participe e divulgue para os seus contatos.

Estou enviando o folder em anexo em Word e PDF.

Fraternalmente.

P/ Centro de Liturgia.

Ir. Veronice Fernandes






segunda-feira, 21 de março de 2011

segunda-feira, 14 de março de 2011

MÍSTICA, ESPIRITUALIDADE E LITURGIA: Um olhar a partir da juventude

 

MÍSTICA, ESPIRITUALIDADE E LITURGIA:
Um olhar a partir da juventude

Espiritualidade tem a ver com a palavra “Espírito”, para nós cristãos entendido como uma maneira de se referir a Deus, no sentido da terceira Pessoa da Trindade. Há que se superar a idéia, muito fortalecida na história, de que espírito é algo que se opõe à matéria e que têm vocações radicalmente diferentes, de maneira que devem ser separados ou caminham para a separação total. Evidente que Espírito alude àquilo que não deve simplesmente ser identificado com a matéria, a “carne”. Deve ser antes entendido como aquilo que plenifica o corpo, tornando-o mais que sua materialidade.
A partir de Jesus Cristo, compreendemos melhor o sentido de espiritualidade, o que chamamos de espiritualidade cristã. O apóstolo Paulo define bem: espiritualidade é um viver segundo o Espírito (Gl 5, 16-26; Rm 8, 5-13). Viver segundo o Espírito é uma existência aberta para Deus, deixando que Ele seja referência fundamental da pessoa. Assim a espiritualidade torna-se uma opção fundamental de vida do ser humano, na qual ele abraça uma série de valores e realidades (vindas de Deus) que estão no horizonte de sua vida, sustentam-na e, sobretudo, se manifestam no dia a dia. Portanto, espiritualidade não se trata apenas de algumas “práticas espirituais”, mas sim de uma verdadeira perspectiva de vida, uma orientação última de toda existência humana, seus sonhos, atitudes, maneira de se relacionar, de administrar as coisas, de formar opiniões e assim por diante. Manifesta-se como uma maneira de viver, seja o todo da vida e a vida toda.
Viver segundo o Espírito é também, acolhendo a Palavra de Deus, tornar-se um sinal Dele no mundo, testemunhando sempre seu projeto, o Reino de Deus, a Civilização do Amor. Por isso a espiritualidade é um não conformar-se aos esquemas injustos deste mundo, mas saber discernir os projetos (Rm 12,2). Fechar-se para Deus é viver segundo a “carne”; ou seja, deixar-se levar pelos instintos egoístas que geram todo o tipo de morte. Fechar-se para Deus é deixar-se guiar somente por si mesmo, ou então pelos ídolos da televisão, do mercado e tantos outros.
Na espiritualidade cristã, a liturgia ocupa lugar importante. Ela é entendida como o grande serviço de Cristo em favor da humanidade. Desde então a ação litúrgica da comunidade cristã deve expressar, por um lado, louvor e glorificação a Deus e, por outro, a caridade e a solidariedade com os irmãos. Liturgia é fundamentalmente ação, um agir comunitário, celebrativo, através de ritos, símbolos que expressam a salvação oferecida por Deus.
A liturgia é vista, principalmente a partir do Conc. Vaticano II, como fonte e cume da ação da Igreja (SC 10). Por isso mesmo a liturgia supõe o seguimento a Jesus, a espiritualidade cristã, sendo dela, ao mesmo tempo, expressão e alimento. Neste sentido, a espiritualidade cristã é mais ampla que a liturgia, e não se pode dizer que se “faz” espiritualidade somente no exercício da liturgia.
Disso podemos dizer que a espiritualidade é o modo de viver do cristão, aberto para Deus no seguimento a Jesus Cristo. Essa espiritualidade tem de se expressar no seu dia a dia, no conjunto de sua vida, e não somente em alguns momentos previstos. A liturgia, como ação comunitária de louvor a Deus e solidariedade fraterna, deve resultar em momentos especiais de se celebrar a obra salvadora de Deus em Cristo. Deve, portanto, se constituir em momentos fortes de espiritualidade, contudo não desligados da realidade global da pessoa e da sociedade, pois tudo se constitui desafio da espiritualidade cristã, que é essencialmente encarnada.
O documento da CNBB “Evangelização da Juventude”, em seu nº 119, assim define a mística juvenil: centrada em Jesus Cristo e no seu projeto de vida; acolhedora do cotidiano como lugar privilegiado do crescimento e santificação; alegre e cheia de esperança; marcada pela experiência comunitária onde se medita a Palavra de Deus e se celebra a Eucaristia; apoiada no modelo do “sim” de Maria e na certeza de sua presença materna e auxiliadora; conduzida pelo compromisso com o Reino, traduzida no compromisso com a transformação social a partir da sensibilidade diante do sofrimento do próximo.
Isso reforça uma dupla verdade: mística sem militância (desencarnada) é vazia e não cristã; militância sem mística não se sustenta. Ambas integradas resultam na autêntica espiritualidade cristã, entendida como orientação da vida de acordo com a vontade de Deus.

Pe. Marcelo Samaroni Spézia









sexta-feira, 11 de março de 2011

Tempo de Quaresma - Tempo de Amor: por isso Tempo de Mudanças e Ousadias (Paulo Ueti)‏

Tempo de Quaresma - Tempo de Amor: por isso Tempo de Mudanças e Ousadias (Paulo Ueti)



Oh, tu que, em silêncio, vives no fundo do coração.  
Revela-nos a tua imensa realidade,
Faze que vivamos a tua viva presença.
Tu que, em silêncio, vives no fundo do coração.

1. Introdução
Iniciar a celebração cantando uma música conhecida da comunidade que trás boas lembranças e alegria.
2. Tocando em frente
3. Ambientação e partilha
Acende-se uma vela. Providencia-se um pote com sal. Deixa-se passar pelas mãos das pessoas: a vela e o pote de sal.
a) O que gostaríamos de celebrar neste momento?
b) Que desejos temos para o presente?
c) Que desejos temos para mudanças: na vida pessoal, na comunidade, na política, na igreja...?
4. Canto
Todas as coisas são mistério.
Todas as coisas são mistério.
O que me faz viver, o que me faz te amar.
Nem sequer quando penso em você,
Não consigo explicar.
O vento que sopra na rosa,
A luz que brilha em teu olhar,
O que ferve no aqui dentro
Do peito, ao te beijar.

5. Memória Bíblica
Vamos ler Mateus, 6 dos versículos de 1 a 18.
Partilha
a) o que nos chama a atenção neste texto?
b) o que gostaríamos de dizer uns aos outros neste tempo de partilha e conversão?
6. Oração
7. Canto e partilha.
As pessoas vão compartilhando, dando umas as outras e desejando paz e esperanças para o cotidiano da vida. Isso pode ser dito sem palavras, com um grande e forte abraço, olhar, beijo.
Benção
Que a terra abra caminhos sempre à frente dos teus passos. E que o vento sopre suave aos teus ombros. Que o sol brilhe sempre cálido e fraterno no teu rosto. Que a chuva caia suave entre teus campos. E até que nos tornemos a encontrar. Deus te guarde no calor do teu abraço; e até que nos tornemos a encontrar. Deus te guarde, Deus nos guarde no carinho do beijo e do nosso abraço. Amém.

Quaresma: tempo de tomar posição/decisão - Paulo Ueti‏

Quaresma: tempo de tomar posição/decisão - Paulo Ueti


1.    Intróito:
(para meditar)

Quaresma é tempo de deserto. Quarenta dias no deserto. Quarenta dias de escuta profunda de si mesmo e do mundo. Quarenta dias de encontros e desencontros com a realidade e consigo dentro e a partir dessa realidade. São muitas realidades. São muitos encontros e desencontros. Celebramos o esforço, a sinergia de tantos/as de ir em busca da VERDADE, em busca da felicidade que ‘habita em cada um/a de nós' como o ar que respiramos... Busca de fazer acontecer o desejo político e espiritual de um mundo melhor, de gente melhor, de relações renovadas e reinventadas.

(Preparar o ambiente com caminhos diversos: de pedra, de flores, de galhos secos, de lixos, de livros, de palavras, de pés)

2.    Canto:
(repetir várias vezes até o grupo estar cantando todos/as e ir abaixando a voz até que se possa
solfejar somente a melodia)

Desça como a chuva, a Tua Palavra: que se espalhe como orvalho, como chuvisco na relva. Como aguaceiro, na grama. Amém!

3.    Invocação:

Todos/as:
Deus nosso, invocamos tua luz,
Tua direção,
Tua paz.
Protege-nos das forças do mal.
Neste tempo de conversão e novos rumos para tua Páscoa,
Transforma-nos em poetas e profetas do teu Reino.
Amém!
(Inês de França)

4.    Meditação:
  
Tua palavra é lâmpada para os meus pés, Senhor!
Lâmpada para os meus pés e luz, luz para o meu caminho! (2x)
  
Leitura 1:
Quaresma serve à espera: quarenta dias para o que há de vir, todos os anos. Provação que atesta a fé, ela é a medida do/a devoto/a. A quaresma torna visível, perceptível, uma qualidade de ser fiel que aos antigos era a regra de vida - os mais velhos lembram com pesar - e que agora é a rara exceção, cada vez mais. Quaresma é coisa do corpo não só do espírito. Na verdade é coisa de corpo, alma e espírito, para ver se a gente é capaz de fazer com que o que acreditamos e pensamos esteja em equilíbrio com o que fazemos e com o que dizemos. Serve para dizer no corpo e através do corpo para que viemos... Serve de ensaio para o que já está presente e precisa ser revelado: o Reino. E nós, como vamos praticar a caridade (compromisso político), a oração (deixar-se guiar pelo Espírito de Deus nas palavras e nos gestos) e no jejum (partilha do que temos)?

Leitura 2:

Isaías 58
(ler todo o capítulo ou escolher antes alguns trechos para partilhar na comunidade)

5.    Canto:
  
Quero cantar ao Senhor! Sempre enquanto eu viver!
Hei de provar seu amor, seu valor e seu poder!
  
(Após o canto convidar a comunidade/grupo para partilhar o que sentiram, o que ficou guardado. Terminar pedindo que as pessoas façam compromissos pelos caminhos)
  
6.    Litania de caminhos:
  
Se meu passo é errante,              - converte-me Senhor!
Se minha fé é débil                     - converte-me Senhor!
Se minha mente é estéril              - converte-me Senhor!
Se minhas mãos são rudes           - converte-me Senhor!
Se meus olhos são ferozes           - converte-me Senhor!
Se minha língua é cruel                         - converte-me Senhor!
Se minhas intenções são más                 - converte-me Senhor!
Se meu coração é fraco                        - converte-me Senhor!

(a comunidade pode continuar...)

Ao final:
Converte-me Senhor e serei o que realmente sou!

7.    Pai Nosso

Pai, que sua oração nos faça caminhar para a justiça e a solidariedade!

Pai Nosso!
Que estais nos céus!
Santificado seja Teu Nome!
Venha a nós o Teu Reino!
Seja feita a Tua Vontade!
Assim na terra como no céu!
O pão nosso de cada dia nos dá hoje!
Perdoa as nossas ofensas,
Assim como nós perdoamos a quem nos ofendeu!
Não nos deixes cair em tentação!
Mas livra-nos do ma!
Pois Teu é o Reino, o Louvor e a Glória para Sempre!

8.    Oração Final:
  
Pedimos-te, Senhor,
Converte nosso coração de pedra em coração generoso.
Transforma nosso olhar de desconfiança em olhar de esperança e militância.
Muda nossa vida solitária em vida SOLIDÁRIA!
Em nome de Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo. Amém!

9.    Canto Final:
(se for apropriado e houver espaço fazer uma grande ciranda para depois partilhar a comida)

Deus chama a gente pra um momento novo...

 (liturgia inspirada no livro Cultoarte/Quaresma e Páscoa- Editora Vozes)

Celebração da Água‏

Amigos e amigas,

Em anexo, enviamos uma proposta de Celebração da Água, para ser utilizada na semana do Dia Mundial da Água, 22 de março.
A contribuição é da Alzira, da CPT-SC.
                                                                         BAIXE AQUI!
Fraternalmente,
Atta.

Comissão Pastoral da Terra - SC
Rua Dep. Antônio Edu Vieira, 1524
Bairro Pantanal
Fone/Fax: (48) 3234-4766
88040-001 Florianópolis, SC, Brasil

sexta-feira, 4 de março de 2011

Liturgia para o Dia Internacional da Mulher - CONIC‏

Liturgia para o Dia Internacional da Mulher - CONIC


I - Água da Vida
Prelúdio (Instrumental)
(Processional – Neste momento, algumas mulheres caracterizadas como personagens da Bíblia poderão entrar no templo com jarros de barro com água sobre a cabeça e levá-los até o altar).
Saudação
Dirigente:
Vinde!
Aquele/a que tem sede venha,
e quem quiser receba de graça a água da vida.
(Apocalipse 22.17b)
Canto: Canto de Abertura (L.: Simei Monteiro – M.: Albete Corrêa)
/: Aqui chegando, Senhor, que poderemos te dar? :/
/: Um simples coração e uma vontade de cantar :/
/: Recebe o nosso louvor e tua paz vem nos dar :/
/: A tua graça, Senhor, melhor que a vida será :/
/: E o teu amor em nós será manancial :/
/: De água boa jorrar pra nossa sede estancar :/
II - Água que arrasta para a morte
Dirigente: Pela terra, antes fértil, hoje deserta,
Comunidade: Perdoa-nos, ó Deus, e lava-nos com a água da vida.
Dirigente: Pelas nascentes que jorravam em sua plenitude, hoje poluídas e eliminadas,
Comunidade: Perdoa-nos, ó Deus,e lava-nos com a água da vida.
Dirigente: Pela maneira irresponsável como usamos a água,
Comunidade: Perdoa-nos, ó Deus, e lava-nos com a água da vida.
Dirigente: Pelas pessoas que morrem a cada ano, por doenças relacionadas à água contaminada,
Comunidade: Perdoa-nos, ó Deus, e lava-nos com a água da vida.
Momento de silêncio
Proclamação do Perdão
Antes, corra o juízo como as águas;
e a justiça, como um ribeiro perene. (Amós 5.24)
III - Água que renova
Canto da Esperança (Edwin Mora)
Quando se abate a esperança,
Ele se achega e nos fala:
Olha tua irmã que caminha
e luta buscando um mundo melhor
Vê teu irmão enganjado que transforma
a vida com sangue e suor.
Cantemos ao nosso Deus,
Ele é o Senhor, Deus da vida.
Vai alentando a esperança
e veio a este mundo conosco lutar.
Quando se abate a esperança,
Ele se achega e nos fala:
Vai procurar tua irmã
Pra ajuntar-te a ela no esforço da paz.
E a teu irmão vai unir - te,
na luta da vida que o mundo refaz.
Quando se abate a esperança,
Ele se achega e nos fala:
Bem junto a mim continuem,
permaneçam firmes, que firme estarei.
Fiquem comigo na luta,
que força e vitória lhes concederei.
Oração de Ação de Graças
Abrimos nossas vidas e abrimos nosso agir à chuva do teu amor. Damos-te graças por chamares a todos – homens e mulheres – para participar da tua obra de renovação. Vem no poder do teu Espírito.
Faze-nos fiéis portadoras da Água da Vida!
Amém!
(Adp. Alison Morris – Celebrating Women)
IV - Ir ao poço... resgatando a nossa história
Dia Internacional da Mulher
Em 8 de março de 1857, as operárias da fábrica de tecidos Cotton de Nova York – Estados Unidos – declararam greve contra as condições subumanas de trabalho a que eram submetidas. Trabalhavam de 14 a 16 horas diárias, recebiam um ínfimo salário, as condições de salubridade eram precárias, não havia nenhuma lei que as protegesse no tempo de gravidez e de parto. Davam à luz, muitas vezes no interior da própria fábrica, adquiriam tuberculose e morriam em média aos trinta anos. Lutaram contra tudo isso pedindo uma jornada de trabalho de dez horas. Não sendo atendidas em suas reivindicações, permaneceram na fábrica. Infelizmente, o dono da fábrica, junto com a polícia, fechou as portas e ateou fogo ao edifício onde  se encontravam 129 mulheres, que morreram queimadas. A importância desta manifestação, e o seu dramático desfecho, sensibilizou pessoas em todo o mundo, mulheres e homens que lutam pelos seus direitos. Para que este fato não fosse esquecido e para que alimentasse uma luta justa e digna, foi instituído o dia 8 de março – Dia Internacional da Mulher – por iniciativa de uma mulher, Clara Zetkin, no primeiro Congresso Internacional de Mulheres realizado em 1910, na  Noruega. Vale lembrar que se encontravam nos teares, na ocasião da tragédia, fios da cor lilás. Por isso, essa cor tornou-se o símbolo da luta pelos direitos das mulheres.
V - Saciando a nossa sede
Abrindo-lhe Deus os olhos, viu ela um poço de água,...
(Gênesis 21.19)
Mensagem
Sugestão de textos bíblicos:
Gênesis 21. 8-21 (Hagar); Gênesis 24. 11-14 (Rebeca);
Gênesis 29.1-10 (Raquel); João 4 (Mulher Samaritana).
(Caso não haja pregador(a), sugerimos testemunhos de mulheres ou dramatização do texto. Sugestão para reflexão: Buscar água no poço era um serviço atribuído às mulheres. É importante verificar quantas mulheres na Bíblia são encontradas junto ao poço; portanto onde estamos buscando a água da vida?)
Rua Afonso de Freitas, 704
04006-052 - São Paulo / SP
Fone: (11) 3884.1544
Apoio:
Cátedra Otília Chaves - Instituto de Pastoral
Centro de Estudos Bíblicos - CEBI
Conselho Latino Americano de Igrejas - CLAI
Faculdade de Teologia da Igreja Metodista

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Música Litúrgica – Mística e Atualidade

Música Litúrgica – Mística e Atualidade

Quem diz “Mística”, diz mistério! Coisa escondida, secreta, segredo, intimidade, interioridade, coisa da alma, do ser profundo ou das profundezas do ser.
Nossos momentos de oração, sobretudo de oração comunitária, nossos espaços celebrativos, são nossos postos de abastecimento, as oportunidades de realimentar nosso ser profundo com as inspirações e motivações que vêm do Espírito. E a música, os cantos, do começo ao fim de nossas celebrações, é que dão o tom, garantem o clima e traduzem poética, melódica e ritmicamente essas inspirações e motivações. Aliás, poucas coisas, segundo Santo Agostinho, “são tão próprias para excitar a piedade nas almas e inflamá-las com o fogo do amor divino”, como o canto.
Mas o que é mesmo o canto litúrgico?, Qual a sua identidade? E agora, o evangelista Lucas é quem vai nos ajudar, quando nos transporta até as montanhas da Judéia, juntamente com uma mulher grávida, chamada Maria, que há pouco havia recebido uma mensagem divina, dando conta de que seria Mãe do Salvador: Lucas 1,39-56. O encontro, o diálogo entre duas mulheres grávidas, cheias de vida, movidas a sonho, esperança, a compartilharem suas mais profundas experiências de vida é que propicia, no final das contas, a eclosão, o desabafo, o desabrochar do que hoje chamamos o Cântico de Maria. E aqui, vale notar: na teologia, na compreensão profunda de Lucas, Maria é a semente da Igreja, seu modelo, seu ícone mais perfeito.
Se assim é, seu canto é a referência, o paradigma mesmo, do canto da Igreja, quando celebra a sua fé. Não é por nada que os cristãos e cristãs que têm o privilégio de realizar o chamado Ofício Divino cantam, todo dia à tarde, o Cântico de Maria, o canto da Igreja, por excelência.
E é nesse canto que nos devemos espelhar, quando buscamos a identidade do canto litúrgico.
Para ser um canto litúrgico cristão,
ü Tem de ser um canto que brote do encontro de pessoas que se amam profundamente, que estão a serviço umas das outras, que estão a serviço do seu povo... São assim nossas comunidades?...
ü Tem de ser um canto de pessoas que compartilham sua vida, seus sonhos, suas esperanças: ver seus filhos nascerem, e com eles, um mundo diferente, que responda aos anseios mais profundos de seus corações... São assim os participantes de nossas celebrações?...
ü Tem que ser um canto enraizado na vida e na cultura de sua gente, na tradição de fé e celebração mais genuína e original.

Por tudo quanto ouvimos até aqui, seja dos evangelhos, seja de um pai da Igreja, como Agostinho, é preciso que nos alertemos para o fato de que a mística do canto litúrgico cristão é produto da mística que anima a vida dos cristãos e motiva uma comunidade cristã. Sem vida cristã, sem comunidade animada pelo espírito do Ressuscitado, não existe celebração cristã autêntica, nem canto litúrgico cristão verdadeiro. E a mística, a força energizadora do canto litúrgico cristão, só acontece no contexto existencial da vida cristã, de uma comunidade cristã autêntica.
E o que dizer sobre a atualidade do canto litúrgico?... Um antigo axioma dizia: Lex orandi, lex, credendi, ou seja, a oração é a norma da fé. Do jeito que a gente ora, a gente crê e vice-versa, mas não se pode negar que a força motivadora, a mística da oração tem uma importância fundamental no processo existencial da fé. Já vimos que, nas celebrações, a oração é mais canto que outra coisa. Por aí, já dá para se perceber a importância sempre atual do canto litúrgico.
Se o texto, a letra, como costumamos dizer, que é a substância mesma do canto, carrega consigo toda a riqueza de uma tradição de fé de uma gente que vem de longa caminhada, desde Abraão, o Pai de todos os crentes, avançados por Moisés e por todos os Profetas, culminando em Jesus, sua Mãe, seus Apóstolos, envolvendo um sem número de santos e santas testemunhas... Se esse texto, essa letra, por suas expressões, imagens e dizeres, pela visão de Deus que projeta, pela experiência humano-judaico-cristã que celebra, reflete a identidade bíblico-histórica da multissecular experiência cristã, esse texto tem, com certeza, a força de nos alimentar, hoje, com a seiva que vem das raízes, com as riquezas que vêm das origens... esse texto nos faz herdeiros e parceiros de todos quantos nos precederam e continuadores, aqui e agora, dessa caminhada para a Terra prometida...
Daí a importância fundamental dos salmos, que têm sido a base do canto litúrgico cristão, desde as comunidades cristãs primitivas até nossos dias. Os salmos, juntamente com os cânticos do Antigo e do Novo testamento, especialmente os três cânticos evangélicos de Maria, de Zacarias e de Simeão, consignados por Lucas nos dois primeiros capítulos de seu Evangelho, são a referência número um do compositor litúrgico cristão. Desconhecê-los é cortar-se da trama da história da fé.
Se o texto, a melodia, o ritmo, as harmonias, os arranjos se enraízam no contexto cultural de cada povo, região ou nação, assumem suas características poéticas e musicais, tanto da etno-música, da música de raiz, quanto as novas manifestações da música popular, o canto litúrgico terá importância de máxima atualidade, qual seja, a de fazer do momento celebrativo uma contribuição para o fortalecimento da identidade cultural da comunidade, da sua encarnação na vida do povo, da sua comunhão profunda com a vida, a história, a cultura do povo, no meio do qual a comunidade atua qual fermento na massa.
A mística e atualidade da música litúrgica, então e enfim, nos remetem a essas exigências básicas, inarredáveis, indispensáveis:
ü Um povo que permanentemente se evangeliza e entende que é sua vida mesma, sua própria existência que deve ser o louvor essencial, existencial;
ü Compositores que sintonizam profundamente com a tradição de fé e celebração da Igreja Cristã, que tem como paradigma os Salmos e demais cânticos bíblicos do Antigo e do Novo Testamento;
ü Compositores sintonizados profundamente com a cultura de sua região, do seu povo, da sua nação, em fidelidade Àquele que se fez carne e levantou seu barraco no meio de nós (João 1,14).

Texto de Reginaldo Veloso extraído da Revista de Liturgia nº 204.
Citações Estudos da CNBB 79, A música litúrgica no Brasil. P.47-48.
Agostinho, Bispo de Hipona, século V, sermão 34, INH II, p.642 s.