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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

"O jovem não é indiferente" - PJE no Jornal Mundo Jovem‏



"O jovem não é indiferente" - PJE no Jornal Mundo Jovem




Tábata Silveira dos Santos
     Como é ser jovem e ser estudante em nossos dias? Em 2002 a Pastoral da Juventude propôs a Semana do Estudante.
     A ideia é trazer para o centro da escola e do espaço do jovem o debate sobre a educação, os grandes anseios da vida do estudante que se refletem na sociedade e relacionar todas as discussões estudantis com a realidade social. Conversamos com a jovem Tábata Silveira dos Santos.

Tábata Silveira dos Santos,
estudante de Direito, militante do movimento estudantil, ex-secretária e articuladora da Pastoral da Juventude Estudantil.
Endereço eletrônico:  tabatapje@yahoo.com.br

Mundo Jovem: O que é ser jovem hoje?
Tábata Silveira: Para saber quem é o jovem é preciso um esforço, pois não é um conceito estagnado. Tudo está em movimento e vários fatores vão interferir. Por um lado, objetivamente falando, o jovem é desempregado ou mal empregado, sofre muita violência, há um grande número de jovens encarcerados, é estigmatizado pela sua condição de ser jovem, há uma sensação de desconfiança etc. E subjetivamente falando, o jovem se sente muito cobrado para produzir resultados, para ser alguém que nem sempre é o que ele deseja ser. E a reação a isso pode resultar numa certa passividade. Não é uma inércia total, mas uma resposta a uma ação externa.

Mundo Jovem: Como é ser jovem estudante?
Tábata Silveira: Penso que ser jovem estudante hoje é estar condicionado por uma espécie de disputa ideológica. Porque temos uma preocupação forte com o futuro. E sinto que o nosso futuro é disputado por forças: por um lado, o mercado de trabalho e, em alguns casos, a nossa família nos pressionando para que trabalhemos. E, por outro lado, temos um monte de sonhos, de vontade de ser o que de fato somos, vontade de seguir os nossos desejos. Ainda temos a televisão e as ferramentas desse sistema que vão nos condicionando a ser aquilo que não queremos ser.

     Outra coisa do ser estudante é que a escola nos impõe uma condição apenas de aprendiz, sem possibilidade de intervir. Somos considerados objetos da educação e não sujeitos dela, por mais que existam estudantes que se movimentem contrariamente a isso. Existem, sim, jovens que se organizam por uma educação diferente, mas sabemos que a massa estudantil de fato aceita a realidade da escola assim como ela é.

Mundo Jovem: Como o jovem gostaria que fosse a escola?
Tábata Silveira: Hoje, estudar é um dever, não é só um direito. Ser obrigado a ir à escola pode parecer chato quando significa entrar para a máquina e fazer parte da esteira dos iguais. Desde o golpe militar de 1964, temos um modelo de escola igual. Talvez nos últimos anos as escolas tenham andado alguns passos. Mas ainda não se promove o encontro, a partilha do saber... as coisas legais que gostaríamos de saber e de ser.

     Há uma tentação de acreditar que todos são iguais e que o jovem não pode nos dar esperança. Mas quando chegamos junto com os jovens, encontramos uma realidade bem diferente do que a televisão mostra. Porque o jovem é criativo, tem uma capacidade fantástica de inventar e surpreender. Não que o jovem seja a grande esperança do mundo; a humanidade inteira deve ser esta esperança. Porém essa discussão serve para reconhecermos o jovem como sujeito capaz de criar. O adulto deve romper com estes muros de achar que só ele detém o lado certo das coisas, e oportunizar ao jovem a sua capacidade de criar.

Mundo Jovem: A escola valoriza as culturas juvenis?
Tábata Silveira: De um modo geral, os estudantes não são convidados a trazer a sua cultura para a escola. Parece que estudamos uma cultura abstrata, que está pairando sobre a realidade da escola. Mas temos avançado, especialmente na escola pública, no sentido de poder acessar políticas públicas e ter mais presente a realidade das comunidades de onde vêm nossas origens. Esta é a proposta da Semana do Estudante: viver e acessar essas raízes da resistência e da diversidade cultural. Ainda se convive muito com o racismo, com a intolerância entre as diferentes culturas. E a escola, apesar de ser invadida pelos meios de comunicação, é um espaço privilegiado de acolher culturas, de aprender com o diferente, de se ver no outro, de ajudar o jovem a se encontrar e também a perceber que o Brasil é muito mais do que aquilo que a televisão mostra.

Mundo Jovem: É possível comparar o jovem de hoje com o dos anos 1960/70?
Tábata Silveira: O contexto é outro. Naquela época, o contexto era mais instigante, porque o inimigo era muito claro. Existia uma lógica mundial de ditaduras e de opressão ao Sul do mundo. Então, havia uma luta pela libertação, contra o Norte. Eu acho que essa confusão que se tem hoje, essa tentativa pós-moderna de colocar na cabeça do jovem que é tudo muito incerto, e que não necessariamente se devam fazer lutas, causa um certo mal-estar.

     Acredito que o movimento estudantil, mais do que nunca, tem um papel fundamental no sentido de romper com a ideia de que a educação deve estar a serviço do sistema que oprime a maioria. Mas é importante dizer que o movimento estudantil, além desse desafio maior, tem lutas específicas.

Mundo Jovem: Quais são essas lutas?
Tábata Silveira: Na universidade, há uma luta pela inclusão racial e social no Ensino Superior, que são as cotas. Apesar de ser uma lei já aprovada, ainda é um problema que requer reconhecimento. Há também a questão da mulher nos espaços de educação. Na verdade, a pauta do dia é contra as opressões, contra a homofobia, contra o machismo, contra o racismo.

     A questão da ecologia também está presente, apesar de ser uma pauta confusa, porque o meio ambiente está sendo afetado pelo sistema capitalista, todos sabem, e o jovem tem se indignado muito com isso, mas não tem alguém para ser “atacado” diretamente. É uma luta difusa e impessoal. Todos sentem que devem fazer alguma coisa, mas ninguém faz.

Mundo Jovem: E há resultados dessas lutas?
Tábata Silveira: Eu entendo que um grande desafio para o movimento estudantil é repensar a sua forma. O problema é o método, não é o conteúdo. E nesse sentido os resultados poderiam ser bem maiores. A cultura é um caminho de diálogo com o próprio estudante. Os grandes atos, as grandes manifestações que acontecem hoje em dia não conseguem agregar tanta gente e por isso são poucas vozes gritando, e que correm o risco de serem ridicularizadas pelos colegas. Transitando pelas escolas e universidades, o que se percebe é a questão da forma do movimento estudantil. Como é que vai fazer para dialogar com os estudantes para ser real e cumprir o seu papel, que é organizar os estudantes para lutarem por uma sociedade diferente?

Mundo Jovem: Então não dá para dizer que o jovem de hoje é indiferente?
Tábata Silveira: Não dá para dizer que o jovem é indiferente. Existe a tentativa de construir essa ideia de que o jovem é apático. Nas avaliações que as Pastorais da Juventude têm feito, a conclusão é que o jovem se incomoda muito porque sofre diretamente as consequências do sistema capitalista. E não tem como uma pessoa que sofre muito ser apática. Ser indiferente é não perceber que as coisas estão acontecendo. A dificuldade que existe é encontrar meios de organização.

     O jovem sente na própria pele, pela violência que existe hoje, principalmente nas periferias, a questão da discriminação, a dificuldade de conseguir emprego. Apesar de as estatísticas mostrarem que o índice de desemprego está diminuindo, parece que há uma certa desconfiança com relação ao jovem.

Mundo Jovem: A internet pode contribuir nas lutas do jovem?
Tábata Silveira: É evidente que a juventude é fortemente atraída pelas tecnologias, pela possibilidade de se comunicar através do computador. E eu acredito que isso é a manifestação de uma resposta a uma pergunta que nos fazemos: quem somos? A internet parece conceder esta liberdade para sermos exatamente o que somos. Podemos selecionar as melhores fotos para que as pessoas nos vejam do jeito que queremos ser vistos. Acho importante o jovem poder se projetar numa perspectiva ideal.

     Por outro lado, a internet traz o aspecto de que nos distancia fisicamente uns dos outros. E para a questão central do estudante, que são suas lutas, a internet é uma ferramenta limitada. Dá para dizer que a internet pode contribuir, mas nada consegue substituir o espaço de debate, de construção coletiva presencial.

Mundo Jovem: É possível mudar a realidade? Que caminhos trilhar?
Tábata Silveira: Os partidos políticos identificados com os movimentos sociais têm muitas pautas urgentes, muitas bandeiras. Há a questão da ecologia, questões raciais, das mulheres, dos trabalhadores etc. E quando se olha para essa diversidade de bandeiras, a sensação para quem é militante de movimento estudantil e de pastoral é de que a luta é dispersa, não é unida. Há uma luta, mas parece que não se sabe especificamente contra o que se está lutando. E isso dificulta a mudança. Por outro lado, há um pressuposto para a mudança. Paulo Freire dizia que é preciso acreditar que é possível mudar.

     Penso que podemos nos inspirar na forma de viver indígena, de sentar na roda, de um não ser mais do que o outro, de se compreender como se fosse uma grande família. Dessa forma, é possível traçar um projeto comum e caminhar lutando para que ele aconteça.

     Então, primeiro, acreditar que é possível mudar; depois, buscar uma unidade entre os movimentos. Se continuarmos numa postura de cada um lutar pelas suas bandeiras, caminharemos cada vez mais para o individualismo, que é totalmente contrário ao projeto de sociedade mais justa. E quando se fala na possibilidade, é importante lutar a partir do lugar onde se está. Quem está na escola, deve lutar dentro dela, sem esperar ficar maior de idade para entrar para a política etc. Quem já está trabalhando, pode lutar por um salário mais justo, pensar num sentido de trabalho humanizador. Todo o espaço é legítimo para a luta.
confira mais em: http://www.mundojovem.com.br/ 

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Material da Semana de Oração está à venda no CONIC‏

Lançamento Opção pelos Pobres no século 21‏





Iser Assessoria, Paulinas Livraria e Autores
      
Sarah Silva Teles,
       Ivo Lesbaupin,
       Francisco Orofino
       Paulo Fernando Carneiro de Andrade
Convidam
       Para o Lançamento do livro
       Opção pelos Pobres no século XXI
       organizado por Pedro Ribeiro de Oliveira.

06 de abril, 19 horas,
Rua Bambina, 115, Botafogo.
                                                                                                                                                                              

segunda-feira, 21 de março de 2011

Fé na Moçada - Revista do Brasil‏

Info
Revista do Brasil - Edição 57 - Março de 2011
Capa

Fé na moçada

A despeito da despolitização de significativa parcela da juventude brasileira, tem muita gente com uma ânsia louca de melhorar o mundo
Por: Fabíola Perez
Publicado em 17/03/2011

Fé na moçada
Mayara Longo e o Movimento Passe Livre: militância desde a meninice(Foto:Danilo Ramos/Revista do Brasil)
Rebeldes, revoltados, esquerdinhas. Tem todo tipo de qualificação para gente assim. Jovens que não se conformam com a realidade do mundo em que vivem. Que acreditam em valores como a solidariedade e têm convicção de que é possível fazer algo para mudar. E fazem. “Muita coisa está em desacordo na nossa sociedade. Mal saio de casa e já deparo com moradores de rua. Você vai ao posto de saúde e não vê atendimento digno.” Estudante de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), Mayara Longo Vivian, de 21 anos, acredita que só se transforma a sociedade com organização e ação. Moradora do centro de São Paulo, para ela a militância é parte do cotidiano tanto quanto estudar e trabalhar.
Aos 12 anos, aderiu ao movimento punk. “Desde a pré-adolescência comecei a militar em um coletivo de apoio ao Movimento de Moradia do Centro de São Paulo”, conta. Ainda adolescente, conheceu o Movimento Passe Livre (MPL), que defende um modelo de transporte público e gratuito e adota como princípios atuar com independência, apartidarismo e tomar decisões coletivas e por consenso. “Toda vez que passo pela catraca de um ônibus sinto que cobrar por esse serviço é uma afronta.” O MPL surgiu em Santa Catarina, constituiu-se formalmente no Fórum Social Mundial de 2005 e organizou-se em várias capitais. Em São Paulo, conseguiu este ano reunir milhares de simpatizantes em manifestações semanais, provocou reuniões com autoridades e conquistou apoio de parlamentares ao objetivo de reverter o reajuste das tarifas de ônibus, de R$ 2,70 para R$ 3, e do metrô, de R$ 2,65 para R$ 2,90­.
Mayara faz parte de um contingente de jovens engajados em pautas cada vez mais diversificadas, segundo pesquisa realizada em 2008 pelos institutos Ibase e Pólis. “Os coletivos juvenis se inquietam mais com as condições sociais”, observa a socióloga­ Helena Abramo, coordenadora­ do estudo “Juventudes sul-americanas: diálogos­ para a construção da democracia regional”. Realizado na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Uruguai e Paraguai, o estudo mostrou que questões sociais ganham musculatura entre as novas gerações. “Em uma conjuntura diversa da de um passado recente, em que a liberdade era mais restrita, e com o restabelecimento dos instrumentos de participação, a desigualdade social ganha mais espaço”, diz a socióloga.
Para o jornalista Rodrigo Savazoni, coor­denador do projeto CulturaDigital.br, o pulsar que movia a juventude nos anos da ditadura continua latente. “No contato com jovens dos assentamentos do MST, das centrais sindicais, universidades e de ONGs, percebe-se o quanto alimentam a seiva política que corre na sociedade.”

Coração lutador
A voz ainda conserva a euforia dos que gostam de contar histórias. Com 77 anos, Waldemar Rossi foi protagonista de distintos momentos políticos no país. Recorda com orgulho ter integrado a Comissão Justiça e Paz, na companhia de dom Paulo Evaristo Arns, Hélio Bicudo e Fábio Comparato, em defesa dos perseguidos pela ditadura. Até hoje continua engajado no trabalho da Pastoral Operária de São Paulo. Ele acredita que os anos de repressão no Brasil foram responsáveis pelo processo de modificação no perfil da juventude. “A ditadura implementou um modelo de educação para impedir que as futuras gerações tivessem conhecimento da verdadeira história. E essas gerações deixaram de compreender o processo político nacional”, afirma.

Política e futebol

Aos sábados, em um campo de várzea na Lapa, zona oeste de São Paulo, o Autônomos Futebol Clube reúne seus 50 integrantes e seu time de futebol feminino para fazer do esporte elo de integração e participação social. Filho de uma assistente social e de um bancário, Danilo Heitor Vilarinho Cajazeira, de 28 anos, um dos fundadores do time, foi autor da ideia. “Meus pais eram militantes na época da ditadura, mas eu nunca tive interesse por partidos políticos”, conta. Na adolescência, Danilo chegou ao movimento punk e, por meio dele, conheceu ideais do anarquismo, que defende uma sociedade sem governos.
Formado em Geografia, ele diz que é necessário pensar o mundo de uma forma mais humana. “Discutir política é debater desde o preço do pãozinho até o fato de haver mais espaço para carros que para o transporte público na cidade”, enfatiza. Em seu time de futebol não há presidente nem diretoria. “Nosso time é autogestionário e carrega diversos questionamentos políticos, mas lá dentro cada um tem sua posição.”
Danilo conta que o conceito de futebol como meio de intervenção política é pouco praticado na América Latina. Já na Europa existem outros times com essa mesma proposta. Com um deles, o inglês Easton Cowboys­, o Autônomos já fez intercâmbio. “Nós os convidamos para conhecer a realidade brasileira e em 2009 eles vieram participar de palestras em universidades. No ano seguinte, fomos convidados a ir conhecer o trabalho deles”, lembra.

Inspirado no que viu na Europa, Danilo diz que a atuação do time em prol de comunidades locais fortificou-se.
Morador do centro da cidade, ele apoia o movimento Frente de Luta por Moradia (FML), que se dedica a ocupações de imóveis abandonados e cobra projetos habitacionais na região central de São Paulo. Para colaborar, o time ajuda com doações e divulgação.
“A visibilidade social é conquistada a partir do momento em que se está no centro, geográfico e político”, afirma.

Muitas maneiras

“Durante um tempo as pessoas não sabiam como militar sem ser por intermédio dos partidos. Ao longo dos anos 1980, a juventude que queria participar não encontrava necessariamente abrigo nas pautas dos partidos formais, que se transformavam cada vez mais em estratégias para atingir o poder”, analisa Rodrigo Savazoni­.
Com o avanço da democracia, canais de participação foram se multiplicando, e hoje a juventude encontra espaço para se manifestar por melhorias em sua comunidade ou em seu país, seja na política partidária – o que inclui a disputa pelo poder, mas se esgota nela –, em movimentos sociais e sindicais, seja em coletivos autônomos atuantes nos mais diferentes setores de atividade.
O projeto coordenado pelo jornalista, por exemplo, é capitaneado pelo Ministério da Cultura e conta com incentivo da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e da sociedade civil organizada. O CulturaDigital.br realizou em novembro de 2010 a segunda­ edição do Fórum da Cultura Digital Brasileira. A iniciativa reuniu milhares de jovens que se articulam no espaço virtual das redes sociais para trocar experiências e pensar políticas públicas culturais. Para Rodrigo, o CulturaDigital pensa o Brasil um pouco mais à frente.
“Pretendemos usar a mesma metodologia para construir projetos de políticas públicas em outras áreas­, como saúde e habitação”, adianta. O coorde­nador vê no uso das redes sociais na ­internet para fins de mobilização político­-social uma fase ainda embrionária. Mesmo­ assim, elas já são uma eficiente ferramenta de aglutinação e divulgação das mais diversas manifestações.
O advogado Murilo Gaspardo, de 27 anos, presidente da Juventude do Partido Verde em São Paulo, admite o descrédito de parte da juventude brasileira. “Os partidos precisam fazer o resgate da política como espaço para a reestruturação da sociedade. Eles têm de reconquistar a juventude”, avalia. Dispor de canais que permitam viver a experiência da participação e desfrutar resultados são fatores estimulantes.
A atriz, radialista e estudante de Gestão de Cultura Mariana Perin, de 28 anos, coordena,­ com 15 outros jovens de diferentes partidos políticos – entre eles Murilo –, o projeto Estação Jovem, em parceria com a Secretaria de Cultura de São Caetano do Sul, em São Paulo. Estruturas para andar de skate, equipamentos musicais para shows, computadores conectados à internet são alguns dos itens que compõem os espaços do centro cultural. Mariana conta que em 2006 foram realizadas audiências para que a população participasse da construção do projeto e abastecesse de propostas o Centro de Referência da Juventude, que funciona todos os dias na parte superior do Terminal Rodoviário Interestadual Nicolau Delic.
“O termo política vem sendo deturpado. Então, quando a gente consegue criar uma forma arejada de engajar, a receptividade entre os jovens é maior. Organizamos uma situação, inserimos os participantes e depois explicamos que aquilo é política”, diz Mariana. “Falar de política pública por meio de arte, cultura e lazer faz com que aceitem o substantivo política outra vez em seu cotidiano.”

terça-feira, 15 de março de 2011

A Bíblia e a historicidade dos fatos‏

A Bíblia e a historicidade dos fatos
por Ildo Bohn Gass
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O presente artigo faz parte do livro Porta de Entradao primeiro de oitos volumes da coleção Uma introdução à Bíblia Pedidos (com 10% de desconto na coleção) para vendas@cebi.org.br  
 
A Bíblia não é um livro de ciências e nem um livro de história
Assim como os livros da Bíblia não são livros de ciência, assim também não podemos lê-los simplesmente como livros de história. A Bíblia é como um espelho em que, através da história do povo hebreu, está refletida a história da humanidade. Eis por que identificamos quase espontaneamente situações que o povo de Israel viveu com situações que estamos vivendo hoje. Assim também identificamos personagens da Bíblia com personagens de nosso tempo, como se Caim e Abel, Abraão e Sara, Moisés e o Faraó, Jeremias e Amós continuassem no meio de nós.
 
A Bíblia é interpretação da história
Nem tudo o que está narrado nos livros da Bíblia conhecidos como históricos aconteceu do jeito como está escrito. É que, mais do que fazer uma descrição dos fatos como se fossem filmagem, as Escrituras interpretam a história, a vida. Descrevem a experiência de Deus que as pessoas e o povo fazem. Por isso, é correto dizer que, ao estudarmos um texto bíblico, estamos na verdade interpretando uma interpretação.
 
Na Bíblia, há várias interpretações da mesma história
Dentro da própria Bíblia tem diferentes interpretações a respeito da mesma história.
Por exemplo, a história da tomada da terra narrada no livro de Josué não é a mesma que está narrada no livro dos Juízes. Para exemplificar, veja como em Josué se afirma que toda a Terra Prometida já estava libertada das mãos dos reis (Js 11,23; 21,43-45). Porém, logo adiante, no livro de Juízes, se afirma que ainda faltava muito por conquistar (Jz 1,21.27-35).
Para entender estas diferenças, é importante ter presente que foi um longo processo que essas histórias percorreram até serem fixadas na forma escrita como as temos hoje. Cada texto tem sua intenção teológica. São interpretações diferentes e até contraditórias dos mesmos fatos históricos.
Há, inclusive, uma evolução na reflexão teológica, como se pode perceber, por exemplo, na atribuição dos males que vêm em prejuízo do povo.
Um caso é o recenseamento que o rei Davi fez (2Sm 24,1-15). No v. 10, nos é dito que realizar o censo é pecado. Certamente é pecado, porque parecia querer limitar o poder de Deus, a quem pertence o poder sobre a vida das pessoas. Também é pecado, porque visa fornecer ao rei o número de pessoas para poder melhor explorá-las através dos impostos e para saber o número de homens aptos a serem recrutados para a guerra (v. 9). Quando este texto é escrito, pensava-se ainda que Deus era também o autor do mal. Por isso, diz no v. 1 que foi Deus que incitou a Davi para que fizesse o censo. Quando, séculos mais tarde, o mesmo fato é contado novamente, já houve uma evolução na reflexão teológica em Israel. Agora, o mal já não vem mais de Deus, mas vem de Satã (1Cr 21,1).
 
A Bíblia nasceu aos poucos
Como podemos ver, a Bíblia é um livro que nasceu aos poucos. Nasceu da vida de um povo que tentou ser fiel a Deus presente no cotidiano.
Antes do texto escrito vêm experiências vividas pelas mais diferentes pessoas e em lugares variados. Todas essas experiências foram sendo contadas, recontadas durante muito tempo. Só então a memória virou texto.
Sobre os mesmos fatos foram surgindo diferentes tradições de acordo com o meio onde eram narradas, recontadas e escritas. Na cidade, nos palácios e no templo a reelaboração era de um jeito. No campo era de outro. Cada qual de acordo com seus condicionamentos, interesses, limites e horizontes.
   Aos poucos, as tradições foram agrupadas dentro de narrativas ou conjuntos maiores, adquirindo um novo colorido, fornecendo respostas novas a novas necessidades, até o texto chegar à sua redação final como o temos hoje.
 
A Bíblia não quer transmitir os fatos, mas a intenção, a mensagem a partir dos fatos
Além disso, a Bíblia não descreve uma história "factual", mas "intencional". O mais importante não é o "fato" em si, mas a "intenção" que o autor quer transmitir. Consequência disso é que a pergunta certa a ser feita ao texto bíblico não pode ser:"o fato foi ou não foi assim?", mas sim: "qual a intenção de quem escreveu o texto?", ou:"o que o texto quer dizer?", ou ainda: "qual sua mensagem?".
Para exemplificar o que acabamos de refletir, lembremo-nos da estória de Caim e Abel (Gn 4). Aqueles que lêem esse texto como fato histórico não conseguem explicar de onde veio a mulher de Caim, quando naquele momento, se lemos o texto ao pé da letra, apenas existiam Adão, Eva e Caim. Se, no entanto, vamos ao texto em busca da intenção do autor, do sentido do texto, certamente encontraremos uma resposta.
 
A Bíblia não é fotografia nem filmagem, mas raio-X, isto é, revela a vida por dentro
A Bíblia não apresenta fotografias ou filmagens dos acontecimentos. Sua interpretação dos fatos vai além das aparências, da cara, da fachada. Por isso é melhor compará-la com um raio-X, isto é, a Bíblia nos revela o sentido profundo que está dentro dos fatos, por trás das palavras. Revela a presença misteriosa de Deus na vida, na história, nas pessoas.
Mais do que uma história de fatos, a Bíblia contém teologias da história. São diferentes maneiras de perceber a presença de Deus nos fatos, das suas maravilhas na vida de seu povo. O que lhe interessa é a pulsação da presença de Deus nas veias dos acontecimentos. A comunidade israelita faz como que "pinturas" e, às vezes, quadros diferentes de uma mesma realidade. Assim acontece com as duas "pinturas" da criação, logo no início do livro do Gênesis.
Compare a primeira narrativa da criação (Gn 1,1-2,4a) com a segunda (Gn 2,4b-25) e perceba como o povo da Bíblia pinta dois quadros muito diferentes para revelar o sentido profundo da vida. A primeira reflete a situação de sofrimento do povo no exílio da Babilônia ao redor de 550 a.C. A segunda, ao relatar o plano de Deus para a criação e a humanidade, retrata como o povo alimentava sua esperança na época da opressão do rei Salomão ao redor de 950 a.C.
 
A Bíblia nos quer revelar a presença amorosa de Deus na vida
Continuando a usar imagens para comparar as Escrituras, poderíamos dizer ainda que a Bíblia é como um binóculo. Quando ficamos olhando para ele, nós só enxergamos ele mesmo, o binóculo. Porém, quando olhamos através dele, vemos o horizonte de outro jeito, com outra perspectiva. Assim também é a Sagrada Escritura. Olhando à distância, ela parece um livro qualquer. Mas se olhamos através dela, aquilo que está por trás das palavras, atrás da lente desse "binóculo", então percebemos sua intenção, que é revelar a presença amorosa de Deus na vida, nos acontecimentos.
 
Deus se manifestou no passado e continua se manifestando no presente
Uma coisa que nos deixa com um pé atrás em relação à Bíblia é a facilidade e frequência com que se diz que Deus apareceu e falou com alguns personagens como Noé, Abraão e Sara, Agar e Jacó, Rebeca e Moisés, Elias e tantos outros. Será que apareceu cara a cara e falou com sua voz? Ora, sabemos que Deus não tem cara e sua voz não vibra no ar. Mas também sabemos que, para comunicar nossas experiências mais profundas, temos que usar imagens. Nós, que temos fé, sabemos que Deus está invisivelmente presente em nossa vida, conhecemos os traços do seu rosto e escutamos sua voz, sobretudo em momentos decisivos.
O povo tem razão quando diz: "Deus te ouça!", "Deus te guarde!", "Vai com Deus!" e outras expressões que manifestam a presença atuante de Deus em todos os nossos passos. Só podemos falar de Deus através de imagens e figuras.
Ildo Bohn Gass é bliblista, leigo católico.

segunda-feira, 14 de março de 2011

por uma Igreja do Reino‏

Queridos e queridas PJoteiros e PJteiras recebi este material achei interessante é o índece do livro  Por ma Igreja do Reino de Adrianao Sella´, acredito que nos ajuda a refletir. abraços



 
POR UMA IGREJA DO REINO Novas práticas para reconduzir o cristianismo ao essencial (Adriano SELLA)
Apresentação: "num tempo para muitos fiéis de desilusão e de desencanto sobre o futuro da Igreja, num período no qual os sinais de desconforto e cansaço pastoral se multiplicam e são por alguns com demasiada facilidade negados ou subestimados na sua mensagem de pedido urgente de mudança, o texto enucleia e enfrenta com clareza os desafios que derivam da recepção do Concilio num contexto sociocultural e religioso mudado.
-Menos missas, mais missa.
-Menos carreirismo, mais coragem.
Menos mestres, mais testemunhas.
-Menos meditação, mais contemplação
-Menos clericalismo, mais sinodalidade.
-Menos práticas de piedade, mais escolhas de vida.
-Menos livros religiosos, mais Bíblia.
-Menos rituais mais celebrações evangélicas
-Menos símbolos religiosos, mais gestos de responsabilidade e de amor.
-Menos tarifas eclesiásticas, mais transparência econômica.
- Menos confissões, mais reconciliações.
-Menos correria, mais presença.
-Menos condenações, mais convivência.
-Menos leigos executores, mais cristãos adultos.
-Menos sacerdotes funcionários da liturgia, mais presbíteros apaixonados ou pastores.
apaixonados por Deus
-Menos midiatização do papa, mais seguimento de Cristo.
-Menos medos, mais esperanças.
-Menos aliança com os poderes, mais opção preferencial pelos pobres.
-Menos certezas, mais profecia
 -Menos estruturas, mais tendas (menos recintos, mais espaços abertos)
Menos moralismo, mais humanidade.
-Menos conformismo, mais Evangelho.
-Menos igrejas de tijolos, mais igrejas de pessoas.
-Menos homens (menos igreja no masculino, mais mulheres (mais igreja no feminino)
-Menos proselitismo, mais missionariedade
-Menos fundamentalismo, mais diálogo ecumênico e inter-religioso.
-Menos cursos, mais percursos.
-Menos pedidos de graças, mais ações de graças.
-Menos não, mais sim.

 Ir. Sandra 
ASSESSORIA-PJ Paroquia N.S. Dos Migrantes São Paulo-SP
Setor  Grajaú-Diocese de Santo Amaro

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Cefep lança livro sobre a Opção Preferencial pelos Pobres na Igreja Católica‏

Pessoal, encaminho pra vocês uma notícia que recebi de um amigo que faz parte da Equipe de Fé e Política da minha diocese:

A opção preferencial pelos pobres vem ganhando espaço privilegiado na Igreja Católica, e de modo especial, na América Latina. É um dos traços do rosto da nossa Igreja”, destacou o assessor político da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e  secretário executivo do Centro Nacional Fé e Política "Dom Helder Câmara" (Cefep), padre José Ernanne Pinheiro, na apresentação do livro “Opção Pelos Pobres no Século XXI”.
O livro, mais uma publicação do Cefep, foi lançado recentemente pela Editora Paulinas e organizado pelo professor de Sociologia da Religião da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), Pedro A. Ribeiro de Oliveira, que faz parte do Cefep.
Nesta publicação, que reúne uma complilação de vários artigos, levanta o problema de definir-se o que significa hoje a categoria ‘pobre’. “Exceto nos casos extremos das grandes fortunas e da miséria, ricos e pobres, em geral, se consideram como de ‘classe média’. Só a abordagem pluridisciplinar, que reúne as Ciências Sociais, a Filosofia e a Teologia, para iluminar o tema a partir de diferentes enfoques”, diz um trecho do livro.“A opção preferencial pelos pobres já ganhou aceitação quase universal na Igreja Católica. Só mesmo setores conservadores a ponto de suspeitarem do Concílio Ecumênico de 1962-1965 colocam em dúvida sua pertinência teológica. Isso não significa, contudo, que haja consenso sobre sua interpretação mais correta, porque o conteúdo semântico da categoria pobre pode mudar, e de fato tem mudado, conforme o tempo e os lugares. Cabe, então, perguntar o que significa ser pobre neste início de século XXI”, disse o organizador Pedro Ribeiro.O padre Ernanne destaca as palavras do papa Bento XVI a respeito da opção pelos pobres: “Não por acaso, o Santo Padre Bento XVI, em Aparecida, lhe atribuiu categoria cristológica: ‘A opção pelos pobres está implícita na fé cristológica naquele Deus que se fez pobre por nós, para nos enriquecer com sua pobreza”.
O livro pode ser comprado no site da Editora Paulinas, no endereço www.paulinas.org.br, e custa R$ 28,80.

link para esta notícia: http://www.cnbb.org.br/site/imprensa/noticias/5894-livro-destaca-a-opcao-pelos-pobres-no-seculo-xxi-de-pedro-ribeiro-de-oliveira

Abraços, beijos e saudações pejoteiras.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Lançamentos Verão 2011 do CEBI

 



Caso não consiga visualizar a imagem, clique aqui.



--
Paula Grassi
Pastoral da Juventude - RS
http://www.pastoraldajuventudedors.blogspot.com/
Fone - (54) 99668494
Twitter - @paulinhagpj
"Chega de Violência e Extermínio de Jovens!"
Campanha Nacional Contra e a Violência e o Extermínio de Jovens - PJ's



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